Título

COMPLICAÇAO CORNEANA POR CONJUNTIVITE GONOCOCICA EM 2 IRMAOS

Objetivo

Relatar 2 casos de conjuntivite gonocócica grave em 2 irmãos que evoluíram com perfuração ocular.

Relato do Caso

Paciente masculino, 19 anos e sua irmã, 23 anos, deram entrada no PS oftalmológico com queixa de dor ocular, baixa acuidade visual e secreção purulenta ele em OE há 7 dias, e ela em OD há 5 dias . Estavam em uso de Acetato de Fluormetolona 0,1% e lubrificantes prescritos em outro serviço para tratamento de conjuntivite viral. O irmão referia história prévia de corrimento uretral há 2 semanas sem tratamento, enquanto a irmã negava antecedentes. Os dois irmãos residiam no mesmo domicílio, negavam incesto e referiam compartilhar fômites e enxoval. Ao exame biomicroscópico irmão com OE com pálpebras edemaciadas, hiperemia conjuntival, intensa secreção mucopurulenta, córnea com perfuração em região de quadrante temporal superior com íris herniada tamponando, câmara anterior rasa e demais estruturas difíceis avaliar. Já a irmã apresentava OD com edema palpebral, intensa secreção mucopurulenta, quemose intensa, edema de córnea difuso e afinamento de 80% em região temporal superior com demais estruturas difíceis de avaliar. Foi realizado raspado conjuntival para análise. Devido ao quadro oftalmológico hiperagudo e história epidemiológica dos pacientes foi iniciado para ambos tratamento hospitalar empírico contra gonococo. Ademais, foram realizadas lavagens SF 0,9% nos olhos acometidos além de analgesia. Foi indicado para o irmão transplante tectônico no olho afetado. Já a irmã, após 4 dias de internação hospitalar e tratamento clínico evoluiu com perfuração de córnea e também transplante tectônico. Posteriormente, foi confirmado diplococos gram negativo pela cultura e os pacientes seguem em convalescença da infecção e cirurgia e melhora gradativa do quadro.

Conclusão

Esse relato demonstra possíveis complicações graves apresentadas pela conjuntivite gonocócica em adultos. Não tão rara em países subdesenvolvidos, permanece ainda negligenciada pela grande maioria dos oftalmologistas.A anamnese permite suspeitar da origem venérea do agente etiológico.