Código
RC072
Área Técnica
Geral
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal de Alagoas (UFA)
Autores
- ISAURA PEREIRA DA SILVA (Interesse Comercial: NÃO)
- LILIAN LUDIMILA GAMA ANDRADE LIMA (Interesse Comercial: NÃO)
- LUCILA DE ALBUQUERQUE LINS BARBOSA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
CONJUNTIVITE LENHOSA: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar um caso clínico de Conjuntivite Lenhosa atendido no ambulatório de oftalmologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-UFAL).
Relato do Caso
Paciente feminino, 6 meses, Alagoana, encaminhado ao HUPAA, com história de aparecimento de secreção em mucosas palpebrais, há 3 meses. Genitora referia uso de tobramicina colírio, há 30 dias, sem eficácia. Diagnóstico prévio de hidrocefalia e história de irmão com sintomas oculares semelhantes. Ao exame oftalmológico: pseudomembranas, bem aderidas e sangrantes à extração em conjuntiva tarsal, e córnea sem alterações. O exame fundoscópico mostrava-se sem alterações. Inicialmente foi tratada com gatifloxacino e prednisona colírios associada a retirada das pseudomembranas. Após 3 semanas paciente retorna com manutenção dos sintomas. Foi aventado o diagnóstico de Conjuntivite Lenhosa (CL), sendo solicitada a dosagem do plasminogênio, cultura da secreção e pesquisa genética. Os resultados revelaram: deficiência sintomática de plasminogênio, ausência de crescimento bacteriano/fúngico, e confirmada a Síndrome de Dandy Walker. Foi iniciado o uso de Ciclosporina A (emulsão oftálmica), obtendo diminuição significativa da recorrência das pseudomembranas. Paciente em acompanhamento semestral.
Conclusão
O relato descreve um caso raro de CL associada a síndrome de Dandy Walker. A CL é uma entidade rara, tendo sido descrita apenas 151 casos em todo o mundo. É um distúrbio crônico, na maioria das vezes bilateral. A causa tem sido ligada a deficiência grave de plasminogênio tipo 1. Os principais achados consistem na formação de pseudomembranas lenhosas amareladas e fibrinóides na superfície conjuntival, visíveis à eversão palpebral. Nenhum tratamento isolado tem-se mostrado consistentemente eficaz ou superior. As terapêuticas incluem: excisão cirúrgica, com ou sem crioterapia, administração de plasminogênio purificado, plasma fresco congelado, heparina, corticosteróides ou azatioprina, além do uso de membrana amniótica. Eventualmente pode ocorrer melhora espontânea, após meses a alguns anos.