Código
RC260
Área Técnica
Trauma
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: HOSPITAL REGIONAL DE PRESIDENTE PRUDENTE
Autores
- THAMYRES VARGAS DE LIMA MAGOSSO (Interesse Comercial: NÃO)
- FERNANDA ATOUI FARIA (Interesse Comercial: NÃO)
- GUILHERME ZAITUNE DE PAULA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
AUTO-ENUCLEAÇAO: RELATO DE CASO
Objetivo
Familiarizar os oftalmologistas com essa condição incomum e grave de pacientes com transtornos psiquiátricos automutilatórios.
Relato do Caso
R.S., 45 anos, foi encaminhado ao Hospital Regional de Presidente Prudente com história de auto-mutilação de hemiface esquerda e auto-enucleação do olho esquerdo com alicate. Na primeira avaliação, paciente informou que não se lembrava do ocorrido e negava dor. O acompanhante informou que o mesmo havia sido submetido a transplante do córnea, há 2 meses, devido a úlcera corneana infectada. Negaram uso de medicações de uso contínuo e distúrbios psiquiátricos previamente diagnosticados.Ao exame, apresentava, em hemiface esquerda, extensa lesão malar atravessando o sulco nasogeniano e órbita, ausência do globo ocular e pálpebra inferior, presença do coto do nervo oftálmico (NCII) com tecido uveal ( sem sangramento ativo). Foram solicitadas avaliações da cirurgia plástica e da psiquiatria. Paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico. A oftalmologia, realizou a limpeza da cavidade orbitária, retirada do tecido uveal remanescente e sutura do coto do NCII. A cirurgia plástica, realizou o fechamento da região malar. Após avaliação psiquiátrica, o paciente foi diagnosticado com esquizofrenia e mantido internado para tratamento.
Conclusão
A auto-enucleação é uma condição incomum e grave de pacientes com transtornos psiquiátricos automutilatórios. Há uma estimativa de 1 caso para cada 30.000.000 pessoas por ano. Apresenta descrições antigas, como na obra “Edipo rei” e na Bíblia Sagrada. Em 1984, Krauss et al. selecionou 50 casos sobre o tema e avaliou o pico de incidência na terceira e quarta décadas, com incidência de 1:1 nos sexos. No caso em estudo, o paciente se enquadra nas características epidemiológicas e clínicas avaliadas por este autor, mas não apresentou uma motivação religiosa como fator precipitante e nem histórico de internação prévia por distúrbio psiquiátrico, como a maioria.Embora a maioria dos oftalmologistas não presencie esse fenômeno durante suas carreiras, é importante estarem familiarizados.