Código
RC283
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: HCLPM
Autores
- MARIANGELA GOMES PEREIRA SARDINHA (Interesse Comercial: NÃO)
- Fernanda Serrão Margotto (Interesse Comercial: NÃO)
- Ricardo Suenaga (Interesse Comercial: NÃO)
Título
PAN-UVEITE BILATERAL SECUNDARIA A SIFILIS.
Objetivo
Descrever um caso bem sucedido de sífilis ocular tratado com ceftriaxone.
Relato do Caso
Paciente sexo masculino, 57 anos. Antecedente pessoal de gonorréia há 20 anos. Queixa de baixa de visão súbita nos dois os olhos. Ao exame apresentava, acuidade visual (AV) com correção, movimento de mãos em ambos os olhos (AO), pressão intraocular de 16mmHg AO. Biomicroscopia, precipitados ceráticos não granulomatosos, reação de câmara anterior de 2+ e flare de 1+, AO. A oftalmoscopia binocular, indireta, papilas ovaladas, com hiperemia nasal, afinamento arterial e ingurgitamento venoso predominantemente em polo posterior AO. Mobilização de pigmentos do EPR, pontos branco-amarelados profundos no polo posterior se estendendo ao equador, alteração do brilho macular, perda da depressão foveolar e vitreíte de 2+, AO. Exame laboratorial, VDRL reator na titulação de 1/1024, demais exames normais. Na tomografia de coerência óptica (OCT) observou-se edema macular AO e na angiofluoresceinografia, hiperfluorescência perimacular, hipoperfusão retiniana periférica 360 graus, impregnação de vasos e dos discos ópticos, AO. Diagnóstico foi de pan-uveíte bilateral secundária a sífilis com vasculite, neurite óptica e edema macular bilateral. Tratado com acetato de prednisolona 1% tópico de 2/2h em esquema de regressão gradual, tropicamida a 1% de 8/8 h em ambos os olhos, ceftriaxone 1g EV de 12/12h por 14 dias, associado com prednisona 40mg VO por 8 dias, complementado com 3 doses de penicilina benzatina IM após a alta. Após 30 dias, a titulação do VDRL foi de 1/16, obtendo-se critério de cura e a AV final de 20/30 em OD e 20/60 em OE.
Conclusão
A incidência de sífilis cresceu nas últimas décadas em todo mundo. O seu diagnóstico tardio leva a complicações clínicas por vezes irreversíveis. É recomendado o tratamento da sífilis ocular como neurosífilis, com altas doses de penicilina cristalina EV, podendo-se usar ceftriaxone como alternativa com resultado semelhante. Mesmo com o tratamento adequado é possível a recorrência, o paciente deve ser acompanhado a longo prazo.