Código
RC112
Área Técnica
Neuroftalmologia
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre
Autores
- GABRIELA LUCATELI ZANATA (Interesse Comercial: NÃO)
- Thassia Fernanda Tadiotto (Interesse Comercial: NÃO)
- Marina Braga de Andrade (Interesse Comercial: NÃO)
Título
RELATO DE CASO: NEUROPATIA OPTICA POR AMIODARONA
Objetivo
Relatar um caso de neuropatia óptica bilateral por amiodarona com desfecho favorável.
Relato do Caso
Paciente masculino, 51 anos, procura atendimento oftalmológico por diminuição progressiva da acuidade visual no olho direito sem outras queixas. Apresenta histórico de Fibrilação Atrial em uso de Amiodarona há 4 meses. Ao exame: acuidade visual de 20/25 em olho direito e 20/20 em olho esquerdo. À fundoscopia edema de papila bilateral. Campimetria visual com escotoma cecocentral bilateral. Exames complementares sem alterações. Realizada suspensão da amiodarona e após 3 semanas o paciente referiu melhora da acuidade visual. A Neuropatia Óptica por Amiodarona apresenta-se com comprometimento variável da visão e está relacionada à exposição a substância e à dose. O tempo entre o início do uso e a neuropatia não costuma ser longo e não deve haver neuropatia antes do início da substância. Sintoma de perda de visão bilateral, simétrica e indolor são achados clínicos característicos dessa neuropatia. A perda de visão costuma ser insidiosa e progressiva, acuidade visual não costuma ser pior que 20/200. Edema de disco bilateral e defeito de campo visual podem ser leves e reversíveis até severos e permanentes. A neuropatia óptica isquêmica não arterítica é um diagnóstico diferencial importante já que a população em uso de amiodarona é também a população mais suscetível à NOIA-NA devido ao quadro arrítmico. Na NOIA-NA a perda visual costuma ser aguda com edema de disco unilateral, difuso ou setorial e presença de hemorragias. Outro fator que auxilia na distinção é o tempo de resolução do edema de papila: NOIA-NA entre 2 a 6 semanas e neuropatia por amiodarona de 1 a 8 meses. A melhora do quadro após a suspensão da amiodarona, bem como a piora com a reintrodução, auxiliam no diagnóstico. O tratamento envolve a suspensão da medicação.
Conclusão
O presente relato aborda uma condição rara, porém potencialmente grave, que deve ser de conhecimento dos médicos oftalmologistas devido a sua importância no diagnóstico diferencial e pela possível sequela visual.