Código
RC026
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Oftalmológico de Sorocaba
Autores
- HIDEKI BARBOSA HIROTA (Interesse Comercial: NÃO)
- LAIANE DA CRUZ LOPES (Interesse Comercial: NÃO)
- ADRIANA DOS SANTOS FORSETO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ESTAFILOMA ANTERIOR ASSOCIADO A XEROFTALMIA: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar caso de estafiloma anterior associado à xeroftalmia por hipovitaminose A e seu manejo.
Relato do Caso
Paciente masculino, 21 anos, estudante, com baixa de visão (BAV) e fotofobia, bilateral (pior à direita), com protrusão progressiva e indolor em OD e lesões cutâneas em toda superfície corporal há 02 anos. Fez investigação diagnóstica e tratamento, na origem, com ceftriaxone e doxiciclina, sem sucesso. Negava outras comorbidades. À ectoscopia: lesões elevadas, hiperceratóticas, distribuídas em toda superfície corporal. Ao exame: AV SC: percepção luminosa (OD) e conta dedos a 1,5 metros (OE). Biomicroscopia: OD: fechamento incompleto das pálpebras por lesão abaulada (cerca de 15mm de diâmetro), ceratinizada e endurecida. OE: hiperemia conjuntival 1+/4+, conjuntiva bulbar ceratinizada próximo ao limbo temporal superior, secreção espumosa, puntatas grosseiras difusas. Fundoscopia OD: impraticável; OE: nervo pálido 2+/4+, escavação de 0,7 x 0,7. Após exames laboratoriais, identificado hipovitaminose A e aumento de transaminases hepáticas. USG de abdômen e vias biliares sem alterações. USG e UBM de OD confirmaram estafiloma anterior, com risco de perfuração e segmento posterior sem alterações. Feita reposição de Vitamina A, escleroceratoplastia e encaminhamento à neuroftalmologia e hepatologia. Após 02 meses, paciente apresenta AV SC (OD) de movimento de mãos, falência de botão, hipotonia ocular e USG sugestivo de phitisis bulbi.
Conclusão
A deficiência de vitamina A pode causar cegueira irreversível, tem associação com deficiência proteicocalórica e acomete principalmente pré-escolares. As manifestações clínicas da xeroftalmia ocorrem na retina, na conjuntiva e na córnea (xerose), podendo evoluir para a úlcera e ceratomalácia. Pela Classificação Clínica Internacional da Xeroftalmia, o paciente está no estágio X3B, complicado com descemetocele e estafiloma. Esses são, em geral, casos que requerem múltiplos procedimentos cirúrgicos oculares.