Código
RC289
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Autores
- VICTORIA PAES CAMPOS RANCANTI (Interesse Comercial: NÃO)
- Amanda frota Lacerda Morais (Interesse Comercial: NÃO)
- natan Namem Halabi (Interesse Comercial: NÃO)
Título
SIFILIS OCULAR - UMA UVEITE FANTASMA?
Objetivo
Descrever caso de sífilis, uma infecção crônica multissistêmica, bastante prevalente no nosso meio. Por ser um dos grandes mascarados da medicina, deve sempre ser considerado no diagnóstico diferencial de uveíte, sendo de suma importância o exame de líquor, que muitas vezes é negligenciado. Os testes de sorologias no sangue negativos não descartam a infecção. O atraso no diagnóstico pode levar a perda da visão e significativa morbidade neurológica.
Relato do Caso
Paciente do sexo masculino, 39 anos, previamente hígido e ex-usuário de crack há 08 meses, compareceu ao serviço na urgência, no dia 9/11/18, com relato de baixa acuidade visual bilateral progressiva e indolor há 07 meses, associado a fotofobia, fotopsia e floaters. Nega trauma ou doença ocular prévia. Ao exame: Acuidade visual: 0,4 em olho direito e 0,2 em olho esquerdo Biomicroscopia: Olhos levemente hiperemiados, precipitados ceráticos finos, câmaras anteriores formadas com reação celular 1+/4+. À Fundoscopia, discos ópticos hiperemiados e infiltrados multifocais de coroide, acometendo polo posterior bilateralmente. Ao exame de sangue (26/10/17), VDRL 1:128; FTA-ABS reagente e HIV não reagente. Punção Líquorica: Aumento da proteína e pleocitose mononuclear. Realizado tratamento com coticosteroide e midriático tópicos e com ceftriaxona EV por 14 dias, seguido por penicilina benzatina 2.400.000 U por semana, durante 3 semanas. Paciente evoluiu com melhora dos sintomas e acuidade visual de 0,6 em ambos os olhos.
Conclusão
A uveíte é frequentemente o sinal de apresentação da sífilis, que pode ocorrer em qualquer fase da infecção. Considerada uma entidade da neurossífilis, possui grande diversidade e complexidade de sinais e sintomas que a faz ser confundida com outras doenças. O exame de líquor deve ser sempre estudado na suspeita, devido a morbidade e a mortalidade dos pacientes portadores.