Código
RC256
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Fundação Hilton Rocha
Autores
- GUSTAVO DE CASTRO LIMA (Interesse Comercial: NÃO)
- Tatianne Fernandes Duarte (Interesse Comercial: NÃO)
- Viviane Lopes Pereira (Interesse Comercial: NÃO)
Título
UVEITE SIFILITICA ASSOCIADA A NEUROSIFILIS ASSINTOMATICA – RELATO DE CASO
Objetivo
Descrever um caso de uveíte sifilítica com envolvimento do sistema nervoso central (SNC).
Relato do Caso
Paciente do gênero feminino, 40 anos, em tratamento para uveíte, iniciado em outro serviço, sem melhora, foi encaminhada ao serviço de retina e vítreo da Fundação Hilton Rocha (FHR) com queixa de baixa acuidade visual (BAV) súbita no olho esquerdo (OE) há 4 meses. Ao exame oftalmológico, apresentou acuidade visual, com melhor correção, de 20/20 no olho direito (OD) e ausência de percepção luminosa (NPL) no OE. A biomicroscopia mostrou atalamia, catarata total com sinéquias posteriores 360 graus, tonometria 14x12 mmHg em OD e OE, respectivamente. Fundoscopia sem alterações no OD e inviável no OE. A tomografia de coerência óptica (OCT) evidenciou hemorragia vítrea associada à hemorragia subretiniana em região macular no OE. Exames sorológicos anti-HIV 1 e 2, toxoplasmose IgG/IgM, VDRL e FTA-Abs IgM não reagentes. FTA-Abs IgG reagente, sem história prévia de tratamento para sífilis. A ecografia B mostrou descolamento de retina em funil associado a ecos compatíveis com hemorragia vítrea. A paciente foi referenciada ao serviço de infectologia, onde realizou punção lombar (PL) que evidenciou: pleocitose com predomínio de linfócitos, proteinorraquia aumentada, glicose normal, VDRL negativo, TPHA e FTA/ABS positivos; ADA 7,3; pesquisa de Criptococos, bacilos álcool ácido resistentes e cultura em meio de Lowenstein negativos. O exame neurológico foi normal. Firmado o diagnóstico de neurosífilis, realizou-se tratamento com penicilina G aquosa 24 milhões de unidades endovenosa por dia, por 3 semanas.
Conclusão
No presente caso, embora a paciente se encontrasse assintomática, sem febre, cefaleias, diplopia, náuseas, vômitos, sinais meníngeos ou déficits neurológicos, foi submetida à PL, que revelou existência de envolvimento do SNC. A uveíte foi a forma de apresentação da sífilis neste caso e o atraso no diagnóstico definitivo e início do tratamento, resultou em perda visual permanente.