Sessão de Relato de Caso


Código

RC281

Área Técnica

Uveites / AIDS

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Clínica Oftalmológica do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos

Autores

  • JORGE HENRIQUE CAVALCANTE TAVARES (Interesse Comercial: NÃO)
  • MARIANA MEIRA DOLFINI (Interesse Comercial: NÃO)
  • ALINE CRISTINA FIORAVANTI LUI (Interesse Comercial: NÃO)

Título

NEURORRETINITE POR TUBERCULOSE OCULAR

Objetivo

Descrever um caso de neurorretinite por tuberculose, demonstrando a importância do diagnóstico precoce e do estabelecimento de tratamento adequado para recuperação da acuidade visual.

Relato do Caso

Mulher de 51 anos procurou atendimento com queixa de baixa acuidade visual e fotofobia no olho esquerdo (OE) há 4 dias. Negou comorbidades. Ao exame: acuidade visual (AV) de 20/20 no olho direito (OD) e conta dedos a um metro no OE. À biomicroscopia, OD estava sem alterações e OE apresentava hiperemia conjuntival, reação de câmara anterior (RCA) de 2+/4+ e cristalino transparente. Tonometria = 16mmHg em ambos os olhos. Ao exame fundoscópico, o OD se mostrou normal enquanto o OE apresentava lesão hipocrômica exsudativa em região peripapilar inferior, borramento e hiperemia do nervo óptico e presença de estrela macular. Foram introduzidos, nessa ocasião, sulfametoxazol-trimetoprim e prednisona via oral por suspeita de toxoplasmose, além de dexametasona e tropicamida tópicos no OE. Exames laboratoriais: anti-HIV, VDRL, FTA-Abs e sorologias para Toxoplasmose não reagentes, e, após 30 dias do início do quadro clínico, ela trouxe o PPD medindo 19mm, levando à hipótese principal de tuberculose ocular. Radiografia de tórax normal e Pesquisa de BAAR no escarro negativa. A seguir, foi iniciada a terapia com esquema RIPE por dois meses na fase intensiva, e mais quatro meses de manutenção com o esquema RI. Após o tratamento, evoluiu com AV de 20/40 no OE, com remissão da RCA e cicatrização da lesão peripapilar.

Conclusão

O diagnóstico de uveíte posterior por tuberculose não é fácil devido à característica pleomórfica da doença. Portanto, é de extrema importância suspeitar de TB em todas as uveítes de causa indeterminada. A pesquisa de doença sistêmica e a procura de coinfecção por HIV se fazem imprescindíveis, já que o risco de transmissão do bacilo está diretamente relacionado à presença de TB pulmonar e à imunossupressão. A paciente evoluiu favoravelmente após diagnóstico precoce de neurorretinite por TB e rápido início da terapia específica.

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