Código
RC218
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Visão Institutos Oftalmológicos Associados
Autores
- PEDRO AUGUSTO PARREIRA MONTEIRO (Interesse Comercial: NÃO)
- Michele Costa Barbosa Cardoso (Interesse Comercial: NÃO)
- Rafael Eidi Yamamoto (Interesse Comercial: NÃO)
Título
NEURORRETINITE POR BARTONELLA HENSELAE: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar um caso de neurorretinite por Bartonella henselae.
Relato do Caso
Paciente L.C.A.A., sexo feminino, 25 anos, compareceu à emergência queixando de perda visual súbita em olho direito. Relatava mordida por gato 2 semanas antes dos sintomas. Acuidade visual com correção em olho direito (OD) de vultos e olho esquerdo (OE) de 20/25 e pressão intraocular de 14mmHg em ambos os olhos. Na biomicroscopia havia reação de câmara anterior e leve hiperemia conjuntival em OD. A fundoscopia apresentava vitreíte, edema de papila e edema macular com exsudatos duros dispostos em forma estrelada. Solicitada retinografia fluoresceínica que evidenciou hiperfluorescência que aumentava com o decorrer do exame no nervo óptico associada com deslocamento seroso de mácula em OD. Diante da hipótese de neurorretinite estrelada foi prescrito 500mg de doxiciclina de 12/12h durante 15 dias associado a 40mg de prednisona em regressão por 21 dias. Retornou 60 dias após início do tratamento com sorologia positiva para Bartonela Henselae apresentando AV com correção de conta dedos em OD e 20/25 em OE. A fundoscopia evidenciou resolução da retinopatia
Conclusão
A neurorretinite secundária a doença da arranhadura do gato é causada pela Bartonella Henselae, bastonete gram-negativo, transmitido através da arranhadura de gatos infectados. Pode apresentar discreta reação local na pele, no local do ferimento, linfadenomegalia e febre. O envolvimento ocular ocorre em 5 a 10% dos casos, sendo a neurorretinite a manifestação mais comum. Caracteriza-se, por baixa acuidade visual, edema de papila, descolamento seroso com exsudatos duros maculares estrelados. Os diagnósticos diferenciais são, neurorretinite de Leber, sífilis, Lyme, toxoplasmose e outros. É geralmente unilateral e autolimitada, bom prognóstico independente de tratamento. Entretanto, o uso de antibióticos sistêmicos, tem mostrado melhora, diminuindo o tempo da doença e melhor AV final. Apesar do bom prognóstico, independente de tratamento medicamentoso, a paciente apresentou AV de conta dedos ao término do tratamento.