Código
RC096
Área Técnica
Miscellaneous
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Autores
- ANA CLARA REZENDE DOS SANTOS (Interesse Comercial: NÃO)
- ELIS MARINA MUSSI DOS REIS (Interesse Comercial: NÃO)
- VICTORIA MOREIRA FERNANDES (Interesse Comercial: NÃO)
Título
Leishmaniose Tegumentar Americana em Pálpebra: Relato de Caso
Objetivo
Descrever uma apresentação atípica da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), destacando o aspecto mutilante e inacapacitante que a doença pode apresentar e a importância do PCR (reação em cadeia da polimerase) como opção diagnóstica.
Relato do Caso
Paciente masculino, 66 anos, procedente de Contagem/MG, apresentava lesão ulcerativa acometendo pálpebras superior e inferior, além de epicanto medial de olho direito (OD) com 5 meses de evolução. Referia lesão inicial como pápula eritematosa de 1-2 cm em pálpebra superior direita. Biomicroscopia: OD: Olho quente. Córnea edemaciada e completamente fluorpositiva. Câmara anterior formada, siedel negativo e hipópio de 6 mm. AV CC: PL/ 20/60. Ao ECO-B, sem sinais de endoftalmite. A úlcera de córnea foi tratada com vigamox, epitegel e curativo oclusivo. A Intradermorreação de Montenegro foi negativa e os exames laboratoriais (sorologia para HIV e hepatites B e C, teste do escarro e PPD) sem alterações. Foi realizada biópsia incisional, que apresentou achados inespecíficos, com reconstrução parcial das pálpebras. A PCR foi positiva para leishmaniose. O paciente foi encaminhado à infectologia.
Conclusão
A apresentação típica da LTA é uma úlcera indolor de bordas elevadas em áreas expostas, principalmente cabeça, pescoço e membros superiores¹. A lesão é raramente restrita às pálpebras (2 a 5% dos casos)². A LTA produz amplo espectro de lesões¹. Sua importância reside não só na alta incidência e ampla distribuição geográfica, mas também na possibilidade de assumir formas que podem determinar lesões destrutivas, desfigurantes e também incapacitantes³. O comprometimento palpebral pode levar á úlcera de exposição. Isso implica em redução da acuidade visual temporária ou definitiva, podendo evoluir para endoftalmite e até enucleação². O diagnóstico diferencial inclui carcinoma basocelular, paracoccidioidomicose e outras². Neste caso, a PCR, exame de excepcional sensibilidade, porém caro e pouco acessível, mostrou-se imprescindível para o diagnóstico preciso, fator relevante no prognóstico³.