Código
RC292
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade de São Paulo (USP)
Autores
- CAROLINA DE AQUINO XAVIER (Interesse Comercial: NÃO)
- Ever ER Caso (Interesse Comercial: NÃO)
- Carlos Eduardo Hirata (Interesse Comercial: NÃO)
Título
Tuberculose ocular associada à síndrome inflamatória da reconstituição imune simulando linfoma intraocular
Objetivo
Descrever um caso de uveíte posterior secundária à tuberculose em paciente com síndrome inflamatória da reconstituição imune (SIRI) simulando linfoma intraocular.
Relato do Caso
Homem, 38 anos, atendido no Pronto Socorro, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 02/10/2015 com queixa de baixa acuidade visual progressiva em olho direito (OD) há 15 dias. Estava em uso de terapia antirretroviral (TARV) há 1 mês por recente diagnóstico de infecção pelo HIV. Quatro dias após o início da TARV, iniciou esquema RIPE devido ao diagnóstico de tuberculose pulmonar. O exame no PS revelou em OD: AV c/c 0,8; defeito pupilar aferente relativo 1+; câmara anterior com células (cél) 2+ e flare 2+; vítreo anterior com cél 3+; nervo óptico levemente borrado e múltiplos infiltrados sub-retinianos branco-amarelados em retina inferior. OE sem alterações. Após 1 semana, houve piora na AV OD (movimentos de mão) e progressão das lesões coriorretinianas. O OCT-spectral-domain demonstrava múltiplas elevações do epitélio pigmentar da retina (EPR) acompanhados de discretos depósitos hiperrefletivos sub-EPR, semelhantes aos previamentes descritos no linfoma intraocular. Investigação laboratorial para outras infecções e doenças autoimunes negativa. Um mês após início da TARV, a contagem de linfócitos T CD4+ era 122 células/mm3. Considerando a epidemiologia, o quadro clinico e os exames complementares, foi realizada a hipótese de tuberculose ocular associada à SIRI. O principal diagnóstico diferencial foi o linfoma intraocular. Foi prescrita prednisona oral 70mg/dia (1mg/Kg/dia) com redução lenta, mantidos a TARV e o esquema RIPE. Com 2 meses de TARV, a contagem de linfócitos T CD4+ era de 205 células/mm3. Dois meses após início da prednisona, AV OD era de 0,7 e após dois anos, 0,9; as lesões subretinianas ficaram com aspecto cicatricial.
Conclusão
O seguimento longo de 2,5 anos com involução das alterações oculares permitiu firmar o diagnóstico de tuberculose ocular associada à SIRI que simulou um linfoma intraocular.