Título

ENDOFTALMITE POR MICROSPORIDIO EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE APOS FACOEMULSIFICAÇAO

Objetivo

Relatar um caso de endoftalmite por Microsporidío em paciente imunocompetente no pós operatório tardio de facoemulsificação.

Relato do Caso

J.C.P.D, masculino, 74 anos, proveniente de Anhanduí (MS), deu entrada no Pronto Socorro da Santa Casa de Campo Grande, com queixa de baixa acuidade visual progressiva em olho esquerdo, com piora há 15 dias, acompanhado de dor ocular. Negava trauma ou comorbidades. Refere facoemulsificação em ambos os olhos realizada há 2 anos em mutirão de saúde. Relata atendimento oftalmológico há 6 meses por sensação de corpo estranho em olho esquerdo. Na ocasião identificou-se cisto na sutura cirúrgica, o qual foi drenado e prescrito antibiótico tópico. Ao exame oftalmológico apresentava acuidade visual sem correção de 20/40 em OD (olho direito) e sem percepção luminosa (SPL) em OE (olho esquerdo). A biomicroscopia de segmento anterior de OD apresentava pseudofacia sem outras peculiaridades, e de OE hiperemia conjuntival +/4+, reação de câmara +/4+, com presença de depósito de fibrina de 3mm inferiormente, pupila midriática e não reativa. Fundoscopia de OD normal, e OE vítreo turvo de aspecto amarelado impossibilitando avaliação de pólo posterior. Coletado material da câmara anterior e encaminhado para bacterioscopia e cultura: positivo para microsporídio. Paciente apresentava sorologias negativas. Foi indicado evisceração de OE, porém paciente desistiu do procedimento.

Conclusão

A endoftalmite é uma das mais temidas complicações no pós-operatório de facoemulsificação, e raramente causada por fungos. O microsporídio acomete em geral pacientes imunocomprometidos. A manifestação ocular mais comum é a ceratoconjuntivite. Não há relatos na literatura de endoftalmite por microscoporidío em pacientes imunocompetentes, sendo possível que o patógeno tenha sido adquirido pela manipulação da sutura cirúrgica, visto que paciente não apresentava manifestações sistêmicas, alertando para a necessidade de acompanhamento adequado no pós operatório, e suspeição deste patógeno precocemente visto as dificuldades do tratamento intra-ocular.