Código
RC197
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Geral de Juiz de Fora
Autores
- CELIA MARA DE MORAES ZEBRAL (Interesse Comercial: NÃO)
- Márcia Gotelip Delgado (Interesse Comercial: NÃO)
- Adriano S. Murucci da Fonseca (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ENDOFTALMITE FUNGICA ENDOGENA: CASO DESAFIADOR
Objetivo
Relatar um caso de endoftalmite fúngica, com diagnóstico de suspeita evidenciado pelo exame clínico e enfatizar sua gravidade e prognóstico reservado.
Relato do Caso
ESGD, 60 anos, diabética e hipertensa, histórico de neoplasia do cólon direito, colectomia, seguida de fistulização, complicações sistêmicas, antibioticoterapia, uso de cateter intravenoso, fatores que levaram a grande debilidade orgânica. Após 10 dias da alta hospitalar, apresentou dor ocular e baixa acuidade visual bilateral (AV C/C: OD: 20/200 e OE: 20/100). O mapeamento de retina mostrou haze vítreo (2+/4+) e placas coriorretinianas brancas exsudativas na retina superior dos dois olhos. O olho direito revelava ainda opacidades vítreas brancas conectadas por traves, caracterizando o aspecto de "cordão de pérolas". Realizado diagnóstico presumível de endoftalmite fúngica. Evoluiu com aumento da exsudação retiniana e descolamento de retina bilateral. Instituido tratamento específico e cirurgia vitreo-retiniana, com aplicação intra-vítrea de anti-fúngico.
Conclusão
Endoftalmite fúngica ocorre através da disseminação endógena via hematogênica ou exógena devido ao contato direto com o patógeno. Dentre as várias espécies de fungos, o gênero Candida é o maior responsável por esta doença. É um quadro de rápida evolução e dramático, que dificulta os resultados de exames de cultura. No caso relatado, a endoftalmite foi endógena e vários fatores contribuíram para presumir o diagnóstico: imunossupressão pela doença maligna, uso de antibiótico de amplo espectro, fator nutricional, uso prolongado de cateter intravenoso e debilidade orgânica. Além disso, foram também importantes os achados clínicos sugestivos ao exame oftalmológico: exsudação coriorretiniana e lesão vítrea em "colar de pérolas". A abordagem terapêutica deve ser imediata, mesmo antes da conclusão dos exames, por se tratar de doença de alta gravidade, para permitir a preservação do globo ocular, além de evitar uma possível fungemia.