Código
RC288
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA SÃO PAULO
Autores
- GILVAN VILARINHO DA SILVA FILHO (Interesse Comercial: NÃO)
- ALINE CRISTINA FIORAVANTI LUI (Interesse Comercial: NÃO)
- HELENA YURI KURIMORI (Interesse Comercial: NÃO)
Título
RETINOCOROIDITE MULTIFOCAL BILATERAL POR TOXOPLASMOSE OCULAR ADQUIRIDA
Objetivo
A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. O acometimento ocular ocorre em 70-90% dos casos de infecção congênita, e em 2-30% dos casos de infecção adquirida. Constitui a principal causa de uveíte posterior no Brasil. Sua forma típica de apresentação é retinocoroidite focal necrotizante e vitreíte. Clinicamente, o paciente queixa-se de embaçamento visual e miiodopsias. Pode ainda haver fotofobia, dor e injeção ciliar. O objetivo desse relato é apresentar um caso atípico de toxoplasmose ocular acompanhado no setor de uveíte da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP).
Relato do Caso
Homem, 54 anos, procurou serviço de urgência da ISCMSP referindo baixa de acuidade visual (AV) há 7 dias. Antecedentes pessoais: cirrose hepática Child-Pugh A por etilismo. Ao exame, paciente apresentava AV de conta dedos a 1 metro em ambos os olhos (AO). À biomicroscopia, reação de câmara anterior de 3+/4+ em AO. No mapeamento de retina, evidenciavam-se múltiplas placas amareladas exsudativas na mácula e média periferia e vitreíte de 1+/4+ em AO, além de embainhamento vascular na arcada temporal inferior do olho esquerdo (OE). A angiofluoresceinografia demonstrou hipofluorescência precoce das lesões com hiperfluorescência tardia em AO e vasculite venosa na arcada temporal inferior do OE. Na avaliação complementar, obteu-se IgM positivo para toxoplasmose (21,9) e sorologia negativa para HIV e sífilis. O tratamento consistiu em sulfametoxazol-trimetoprima 800/160mg de 12/12h por 60 dias e colírio de dexametasona 0,1% e tropicamida 1% em AO. O paciente evoluiu com cicatrização das lesões de retinocoroidite, porém sem ganho na AV.
Conclusão
A apresentação ocular da toxoplasmose como foi relatada é observada principalmente nos casos congênitos, sendo rara na forma adquirida. Assim, classificamos tal caso como atípico, pela presença de múltiplas lesões no fundo de olho e pouca vitreíte, possivelmente devido à imunodeficiência etílica.